Relaxa e Goza! Será?

Relaxa e Goza! Será?

por Admin Feel

Como redescobrir o prazer quando seu corpo só tem espaço para função

Você já se pegou pensando na lista de compras durante o sexo?

Ou sentiu aquela urgência de checar o celular logo depois do orgasmo (isso se chegou lá)?

Se sim, bem-vinda ao clube das mulheres que vivem em piloto automático. Aquele modo em que seu corpo executa funções – trabalhar, cuidar, resolver, responder – mas esqueceu como sentir.

O corpo que esqueceu como sentir prazer

Vamos começar com uma verdade desconfortável: estamos anestesiando nossos cérebros com distrações digitais em vez de nos conectarmos com nossos corpos.

É mais fácil passar horas scrollando no TikTok do que enfrentar a vulnerabilidade de uma conexão real – seja com outra pessoa ou com nós mesmas.

Pensamos que estamos "relaxando" quando passamos horas consumindo conteúdo nas redes. Mas não estamos. Estamos apenas trocando um tipo de exaustão por outro.

E quando finalmente chegamos à cama, qual é a surpresa? Nosso corpo não liga como um interruptor. A mente continua acelerada. O corpo, desconectado.

Por que as mulheres sofrem mais com isso?

Dados mostram que as mulheres reportam níveis mais altos de estresse crônico que os homens. E não, não é porque somos "mais emotivas". É porque:

  1. A carga mental é desproporcionalmente feminina Mesmo trabalhando fora, mulheres ainda são as principais responsáveis por gerenciar a casa, os filhos, as agendas familiares, os aniversários, os presentes, as consultas médicas... Conhece a expressão "secretária não remunerada da família"?

  2. Vivemos em estado de alerta constante Desde cedo aprendemos a estar sempre vigilantes. Ao sair na rua. Ao entrar no elevador com um estranho. Ao estacionar o carro. Esse estado de alerta contínuo drena nosso sistema nervoso.

  3. O estresse afeta diretamente nossa fisiologia sexual Quando estressadas, nosso corpo reduz a produção de hormônios ligados ao desejo e à lubrificação. Resultado? Ressecamento íntimo, dor durante a relação e dificuldade para atingir o orgasmo.

A neurologista Dr. Emily Nagoski, em seu livro "Come as You Are", explica que o corpo feminino tem um sistema de "freio e acelerador" sexual. O estresse é um dos principais ativadores do freio – aquele mecanismo que bloqueia a excitação.

O preço que pagamos

Quando normalizamos uma vida sexual mecânica e desconectada, perdemos mais que prazer. Perdemos:

  • Conexão profunda com nosso parceiro(a)

  • Conhecimento do nosso próprio corpo

  • Benefícios à saúde que o sexo proporciona (redução do estresse, melhora do sono, fortalecimento do sistema imunológico)

  • Uma parte significativa da nossa identidade como seres humanos

Pior ainda: aceitamos isso como normal, como "parte de ficar mais velha", como "fase da maternidade que vai passar" ou como "preço a pagar pelo sucesso profissional".

O que seu corpo está tentando te dizer

Seu corpo não separou um espaço na agenda para o prazer porque você o treinou assim.

Você o ensinou a priorizar tarefas, prazos, obrigações. A engolir desconforto. A ignorar sinais. A achar que cinco minutos de masturbação rápida ou sexo mecânico é "o melhor que dá pra fazer agora".

E quando seu corpo tenta protestar, com sintomas como:

  • Ressecamento íntimo persistente

  • Dor durante a relação

  • Falta completa de desejo

  • Dificuldade em atingir o orgasmo

Você responde como? Com mais cobrança, com frustração, com remédios que tratam sintomas, não causas.

O caminho de volta para o prazer

Primeiro, entenda: isso não é sua culpa. Estamos todas nadando contra a correnteza de uma sociedade que valoriza produtividade acima de tudo.

Mas existem caminhos para redescobrir o prazer. E eles começam com pequenas mudanças:

1. Reconheça o problema

Pare de normalizar uma vida sexual insatisfatória. Pare de fingir que está tudo bem. Você merece mais que isso. Seu corpo foi feito para sentir prazer.

2. Desacelere seu sistema nervoso

Antes de pensar em "melhorar na cama", pense em restaurar seu sistema nervoso. Práticas como respiração profunda, yoga e meditação não são apenas modismos – são ferramentas cientificamente comprovadas para tirar seu corpo do estado de luta ou fuga constante.

3. Crie limites digitais

Você não precisa estar sempre disponível. Não precisa responder cada notificação. Não precisa acompanhar cada trend.

Experimente um detox digital antes do sexo. Deixe o celular em outro cômodo. Seu cérebro (e sua vagina) irão agradecer.

4. Invista em autocuidado íntimo

Produtos como lubrificantes e hidratantes íntimos não são luxo – são necessidades quando seu corpo está sob estresse crônico. Eles não substituem a conexão mental, mas podem ajudar a reduzir o desconforto físico que muitas vezes se torna uma barreira ao prazer.

5. Comunique-se honestamente

Com você mesma e com seu parceiro(a). Normalizar a conversa sobre sexo, desejo e prazer é o primeiro passo para transformá-los.

Um convite para redescobrir seu corpo

O caminho de volta para o prazer não é linear nem rápido. É um processo de reconexão.

Começa com pequenos momentos: cinco minutos de respiração consciente. Um banho sem pressa. Um toque em seu próprio corpo sem expectativa de resultado.

Não estou prometendo que você voltará a ter a energia sexual dos 20 anos. Estou convidando você a descobrir um novo tipo de prazer – mais profundo, mais consciente e infinitamente mais satisfatório que aquele sexo mecânico que acabou se tornando mais uma tarefa na sua lista.

Seu corpo sabe como sentir prazer. Ele só precisa de espaço, tempo e permissão para lembrar.