Contos Eróticos da Amahle - Episódio 03: Enfim, a lista

Todo mês conheça uma parte da jornada de Amahle, contada e escrita por Monique dos Anjos. Embarque nessa nova série erótica tão deliciosa e tão profunda.

Casal entrelaçado

Quando Vica insinuou que Amahle poderia estar “viciada em transar com vibradores, as duas discutiram por horas. Se por um lado a amiga de apartamento reclamava que Amahle não saia mais debaixo das cobertas, por outro aquelas tinham sido horas muito bem aproveitadas para as descobertas mais íntimas. E para provar que não havia desistido das interações humanas, Amahle decidiu dar início à lista de ex-namorados com os quais planejava se encontrar e reivindicar os orgasmos que nunca tivera.


Com a ajuda de Vica, foi relembrando um por um os rostos e as experiências sexuais do passado. Dezoito nomes surgiram. Alguns eram apenas ficantes ou casos de uma noite só. Ainda assim, Amahle gostou de perceber que não era tão puritana quanto imaginava. 


O próximo passo foi organizar quem seria a primeira cobaia para esse experimento sexual. Escolheu Eric, um crush da época do ensino médio. Até onde se lembrava, ele era um cara tímido. Talvez por isso se esforçava tanto no sexo, como se quisesse agradecer o fato de estarem juntos.

Amahle, obviamente, nunca tinha gozado durante essas tentativas. Mesmo assim não deixava de apreciar o fato de Eric ser um fã declarado de sexo oral. Ele passava horas entre suas pernas. Saía de lá com o rosto molhado, bochechas vermelhas e sorriso nos lábios. Foram incontáveis as vezes em que ela revisitou essa lembrança durante as últimas semanas, enquanto se masturbava debaixo do chuveiro, na cama, no sofá da sala.


Procurou-o pelas redes sociais e logo engataram a boa e velha conversa superficial de amigos distantes. Eric continuava fofo, gentil e, aparentemente, interessado nela. Contou como admirava vê-la na sala de aula, intempestiva, segura de si, enfrentando o diretor misógino do colégio onde estudavam. Amahle devolveu o comentário com uma resposta sagaz.

Disse se recordar de coisas mais quentes, como as vezes em que ele a chupou enquanto faziam trabalhos escolares em sua casa. Para sua surpresa, Eric respondeu com uma série de emojis com conotação sexual. Ou ele tinha superado a timidez ou era daquelas pessoas que, virtualmente, eram capazes de tudo. A fim de descobrir quão liberal o ex-colega de escola havia se tornado, Amahle pediu que ele mandasse um nude. 


No entanto, quase no mesmo instante se arrependeu. Nunca tinha feito isso e temeu receber uma foto mal tirada de um pau meio mole, meio duro. Acontece que ela continuava sentindo uma força sexual exalar de seus poros e, muito embora não soubesse nomear, sentia tesão o dia todo. Quando a foto chegou, outra surpresa. Era a imagem dele sentado em uma cadeira de couro, provavelmente do escritório, calça social meio aberta, zíper abaixado e só parte dos pelos pubianos aparecendo. “Se eu estivesse com você, me ajoelharia agora na sua frente e te chuparia até você gozar nessa sua roupa de executivo”, escreveu Amahle já percebendo que estava prestes a ter um orgasmo. “É só vir aqui então”, respondeu Eric com uma localização. 

Onde estava aquele cara inseguro de antigamente? Bem... a verdade é que mais de uma década separava a recordação que ela tinha dele, de quem ele era atualmente: um diretor de arte bem-sucedido, gatíssimo e... casado, coisa que Amahle viria a descobrir tarde demais.

O primeiro pensamento que lhe ocorreu foi tomar um banho, se depilar, retocar a maquiagem... enfim, passar pelo processo de preparação que muitas mulheres se sentem obrigadas a executar pré-sexo. Em vez disso, simplesmente pegou sua bolsa, ajeitou o cabelo na frente do espelho e saiu rumo ao seu encontro inesperado.  

A agência onde ele trabalhava ficava em um bairro central de São Paulo, dentro de um edifício cheio de pessoas que chegavam do almoço e estacionavam seus patinetes elétricos na entrada. Ele a recebeu na portaria, mostrou cada canto do lugar e a apresentou para os funcionários.

Amahle quis saber se ele era o dono da empresa, já que era o único vestido como se estivesse indo para uma reunião com acionistas. Rindo, Eric explicou que não era dono de nada além de um cachorro, mas que teria uma reunião com os sócios da matriz dos Estados Unidos. Preocupada em não o atrasar pensou em uma desculpa para ir embora. O clima de tesão tinha sumido e ela se perguntava o que estava fazendo ali. “Desmarquei meus compromissos para estar com você”, ele falou.

Essa frase, dita pela voz grave e tranquila de Eric, mexeu com Amahle. “Mas a gente não se via há séculos”, questionou um tanto incrédula. “Por isso mesmo”, foi a resposta que ele deu enquanto fazia um movimento para segurar sua mão e guiá-la até a sala. Com a porta trancada e finalmente à sós, os dois se aproximaram. De frente um para o outro, mas ainda sem contato físico, ficaram se olhando em silêncio. Ele tocou o rosto de Amahle com um sorriso genuíno de quem celebra o momento presente. Disse como ainda pensava nela e que deveria ter feito mais para mantê-la por perto. Amahle o interrompeu com um beijo demorado. Enquanto o beijava generosamente sentiu o pau dele endurecer. Em vez de recuar, ele a agarrou pela cintura, fazendo aquele membro intrometido roçar nas pernas dela. 

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Foi de Amahle a iniciativa para que partissem para a próxima fase. Ela o colocou sentado na cadeira onde tinha sido tirada a foto e anunciou: “vou cumprir minha promessa”. De joelhos, abriu a calça dele e começou a masturbá-lo. Amahle havia esquecido como Eric tinha proporções perfeitas. Era um pau simétrico, grosso e grande o bastante para posições não convencionais. Antes que começasse a chupá-lo, porém, ele a interrompeu. “Senta aqui”, pediu. E inverteram os papéis. “Você ainda gosta disso?”, perguntou Amahle. “Gosto quando é com você. E você não faz ideia do quanto”, devolveu Eric com um sorriso sacana no rosto.

Sem hesitar, ele a puxou para que ficasse na beirada da cadeira e foi direto com os lábios molhados para o seu clitóris. Não deixou escapar um milímetro de sua vulva. Lambendo as virilhas, acariciando suas coxas e usando a língua para movimentar os grandes lábios, fez com que Amahle gozasse em poucos minutos. Um tipo de gozo daqueles que vão se construindo pouco a pouco e, de repente, explodem de uma vez sem que dê tempo de adiar o fim. “Já?”, questionou Eric sem esconder o orgulho. “A culpa é sua”, disse ela. “Agora me fode que quero gozar de novo”, respondeu com a voz estremecida pela falta de ar. 

Não transaram em cima da mesa, como nos filmes. Estavam, afinal de contas, em um escritório cheio de gente do outro lado da porta. Foram para trás da mesa, deitaram-se no chão com Amahle por cima e cavalgando sobre ele. O olhar que Eric entregava a ela era de admiração e desejo.

Segurando sua cintura e elevando-a para cima e para baixo, dizia considerá-la a mulher mais gostosa, mais interessante e sexy que ele já tinha conhecido. Ele confidenciou ter sonhos frequentes onde transava com Amahle, o que o fazia acordar de manhã com as mais intensas ereções. Para ele, a amiga de escola era tudo o que sua timidez o impediu de ser. Queria ter a coragem dela de se posicionar, ter o mesmo charme que encantava qualquer pessoa, queria tê-la por perto para aprender como dizer e fazer o que tivesse vontade. A confissão dele parecia uma forma de fazer as pazes com o próprio passado, como se estivesse vivendo o que fantasiou nos últimos anos por falta de coragem.

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Se sentindo a mais confiante das fêmeas, ela se concentrou em simplesmente desfrutar daquele ato sexual tão improvável. Ainda com o membro de Eric dentro de si, girou 180 graus e passou a cavalgar de costas para ele. Enquanto sentia suas costas sendo tocadas pelas mãos dele, ela se acariciava vorazmente.

Tinha ficado craque em saber exatamente quais pontos e movimentos dos dedos a faziam gozar. Pode ter sido a posição em que estavam ou a turbinada na autoestima que Amahle recebeu, o fato é que ela teve um dos orgasmos mais intensos que já provou. Mais desconcertante até do que aquele do retiro sexual que a libertou da impossibilidade de sentir prazer. Foi difícil não gemer alto. Precisou usar uma das mãos para tapar a própria boca enquanto a outra fazia fricções em seu clitóris encharcado. 

Diante daquela cena, Eric acelerou o ritmo como quem está prestes a gozar também. Foi nesse momento que Amahle saiu de cima dele, se posicionou frente àquele pau duro, firme e pronto para explodir e o levou até sua boca. Em segundos ela sentiu um jato quente enchendo sua boca e escorrendo por seus lábios e queixo. Eric se desculpou constrangido, sem saber que aquela era a forma que Amahle havia encontrado para agradecer as sessões intermináveis de sexo oral mal aproveitadas no passado. 

Depois de recompostos, se sentaram no chão e conversaram como se não tivesse havido um intervalo de tantos anos desde o último encontro. Amahle o convidou para jantar em sua casa. “Não vou conseguir. Preciso estar com minha esposa hoje à noite”, respondeu Eric. “O que? Seu filho d.....”.

Apesar da reviravolta, Amahle levou menos de um dia para superar a falta de hombridade do colega. Preferia a versão tímida dele e não a de boy lixo, mas não sentiria falta de nenhuma das duas. Só precisava se lembrar de perguntar para os próximos se eram ou não comprometidos. No mais, o experimento havia sido muito bem-sucedido. E, felizmente, o final do encontro com Daniel, nome seguinte da lista, seria muito menos dramático além de, sem sombra de dúvidas, muito mais molhado.

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Monique dos Anjos é escritora de contos eróticos para mulheres, jornalista e estuda gênero e raça para pesquisas acadêmicas. Além dos trabalhos de escrita, desenvolve palestras sobre letramento racial e equidade de gênero.

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